| O profissional
da informação SÔNIA
MIRANDA DE OLIVEIRA SOUTO * INTRODUÇÃO O momento atual tem indicado uma série de mudanças na esfera social, econômica, política e cultural. Uma das casas dessas mudanças está relacionada ao rápido desenvolvimento tecnológico, provocado pela evolução das áreas da microeletrônica e das telecomunicações, e acelerado, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial. A capacidade humana não é mais suficiente para abarcar todo o saber que envolve a sociedade contemporânea. Como fica o homem diante dos desafios dessas transformações? Entremeado pelo caos e pelas incertezas, o homem parece ter dificuldade para compreender o estatuto do saber das sociedades informatizadas. Mais do que nunca, o homem recorre à tecnologia, agora como auxiliar, na busca pelo conhecimento de que necessita, e para acessá-lo e disseminá-lo, utiliza-se de técnicas e de objetos técnicos. (SOUTO, 2001). Os efeitos destas transformações não atingem apenas o saber científico, mas já estão inseridos nas práticas culturais da sociedade tecnológica ou sociedade da informação, onde as novas tecnologias, as novas mídias, os novos mercados e os novos consumidores conseguiram transformar o mundo em uma grande sociedade, globalizada e globalizante. As transformações derivadas do novo contexto social e dos novos paradigmas são sustentadas pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicações _ TICs _ que utilizam o processo de globalização para valer-se de uma nova hegemonia na qual se delineia a "Sociedade da Informação ou Sociedade do Conhecimento". O novo paradigma apresentado que tem como base a tecnologia, traz novas exigências quanto aos atributos dos trabalhadores, e requer destes, maior preparo e educação per | ||
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| manentes para o desempenho de funções que estão em constante mudança. A partir do emprego de novas técnicas organizacionais e da automação, característica dos dias atuais, sem dúvida, esse novo modelo associa-se à aceleração da evolução e mudança dos métodos de trabalho, pressionado pela necessidade de novos produtos pela exigência da qualidade, até mesmo como requisito de sobrevivência. Com a formação de uma comunidade mundial, emblema do fenômeno da globalização, ampliam-se as possibilidades de comunicação, bem como um novo impulso é dado ao trato da informação no que se refere à sua produção, armazenamento, distribuição e utilização. No entanto, a primeira limitação a tornar-se evidente nessa nova sociedade é a questão do contexto, pois, a informação só terá valor se for contextualizada, posteriormente sua disseminação é alvo de intensos questionamentos, sendo que aí está o cerne das mudanças referentes ao novo perfil exigido do profissional da informação, pois esse defronta-se com um universo informacional complexo, repleto de novas mídias, suportes, formatos e conceitos com os quais tem que, não só lidar, mas tratar e disseminar. contextualização da informação O novo contexto, no qual se insere a "Sociedade da Informação", é construído com base nas tecnologias da comunicação e informação, fluindo através de velocidades e quantidades inimagináveis e representando uma profunda mudança na organização da sociedade e da economia. As atenções do mundo global e neoliberal direcionam-se para a importância e a necessidade da informação, sendo pertinentes questões acerca de sua produção, uso, armazenamento e recuperação. A informação passa a ser o principal fator de produção, capaz de interferir em qualquer contexto social. Tecnologias de comunicação e informação estão adentrando na sociedade de modo a facilitar a recepção, o uso e a geração dessas informações. No entanto, a realidade que se apresenta é a divisão de uma vasta gama da sociedade nesse novo contexto sócio-cultural. Interatividade, interconectividade, cibernética, Internet e tantos outros mecanismos da sociedade eletrônica ficam à margem do conhecimento das classes subdesenvolvidas, o que acarreta um crescimento de "info-excluídos", desemprego e uma série de outras implicações. A informação se estabelece como a mais poderosa força de transformação do homem, seu poder "[...] tem capacidade ilimitada de transformar culturalmente o homem, a sociedade e a própria humanidade como um todo.". (ARAÚJO, 1991, p. 37). Cabe, portanto, tão somente, saber utilizá-la sabiamente como o instrumento de desenvolvimento que é, e não continuar privilegiando a regra estabelecida, que a vê como instrumento de dominação e, conseqüentemente, de submissão. | ||
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| Após várias transformações pelas quais já passou a humanidade, entre elas as decorrentes da cultura textual, com a criação da escrita, que permitiu a conservação dos registros do conhecimento, gerando a expansão cultural que se vive hoje; e a invenção da imprensa, que proporcionou o acesso a esse conhecimento, em uma tendência de democratização e universalização da cultura, a nova sociedade em que se vive é repleta de oportunidades, ameaças e contradições. Atualmente, "[...] atrelado ao processo revolucionário das novas tecnologias, uma nova fase se inicia e traz como potencial a aceleração da interação entre usuários e fontes de informação, reforçando o desenvolvimento de cidadãos.". (CARVALHO; KANISKI, 2000, p. 38). O fortalecimento da cultura textual no mundo dos novos meios de informação e comunicação e as inovações decorrentes das tecnologias são decisivos para o processo de transformação sócio-cultural das sociedades. A "Aldeia Global" vive a essência das transformações, passando por uma alteração no panorama mundial, conseqüência da explosão informacional e das tecnologias de informação e comunicação. A informação considerada como recurso de poder proporciona à sociedade a possibilidade desenvolvimento, uma vez que propicia a geração e aplicação do conhecimento e também, concorre para o exercício da cidadania, à medida que possibilita ao indivíduo a compreensão dessa mudança e oferece os meios de (re)ação individual e coletiva. Para isso, no entanto, é necessário garantir ao indivíduo o acesso à educação e à informação nas suas mais variadas formas de apresentação, possibilitando a condução do conhecimento e a formação da consciência crítica. O surgimento de um novo paradigma, o da tecnologia da informação, tornou-se alvo de debates constantes neste século iniciado, e, sem dúvida, a Sociedade da Informação tem como palavras-chave centrais a informação e os avanços tecnológicos. A sociedade pós-industrial consolida-se na experiência organizacional, no investimento em tecnologia de ponta, nos grupos de especialistas, na produção modular, na informação, isto é, na geração de serviços e na produção e transmissão da informação. (CARVALHO; KANISKI, 2000, p. 34). Os desafios da Sociedade da Informação são inúmeros: os de caráter técnico e econômico, cultural, social e legal, de natureza psicológica e filosófica. Werthein (2000) apresenta alguns desses desafios como sendo o desemprego tecnológico, a desqualificação do trabalho, a perda de comunicação interpessoal e grupal, a perda do sentido de identidade e o aprofundamento das desigualdades sociais. É necessária a efetivação de ações fundamentais que promovam o acesso universal, de forma a realçar esses problemas. Para tanto, seria imprescindível o acesso universal à infra-estrutura e aos serviços de informação a preços acessíveis, novas parcerias políticas, reconhecimento dos direitos | ||
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| de prioridade intelectual, elevação do volume de informação de qualidade e de domínio público na Internet, entre outras ações. Silva (2001, p. 5) acredita que diante dessa perspectiva, "[...] os esforços predominam no sentido de informatizar a sociedade. No entanto, existe um deslocamento acentuado das forças produtivas do fazer para o saber.". Na sociedade atual, "[...] o saber ocupa papel central, acompanhado de uma nova classe de trabalhadores, a dos trabalhadores do conhecimento.". (CARVALHO; KANISKI, 2000, p. 35). O mundo virtual está fazendo profundas alterações, não há mais território, concepções de espaço e tempo. Os dois bens primordiais, segundo Borges (2000), são a informação e o conhecimento, pois o seu uso não faz com que se acabem ou sejam consumidos. O autor enfatiza que a Sociedade da Informação e do conhecimento pode ser caracterizada sinteticamente e ressalta "[...] que por trás dessa monumental realocação de poder, reside uma mudança no papel, na significação e na natureza do conhecimento.". (TOFFLER, 1995, p. 45). A Sociedade da Informação voltada que é para o uso das tecnologias de informação e comunicação tem como uma de suas principais características a capacidade de produção de informações em quantidade e diversidade. A informação é o principal recurso da sociedade do séc. XXI, e também da educação, podendo-se dizer que ela é fator multiplicador e medida de avaliação do poder, é a razão de ser da sociedade pós-industrial. Essa relação de poder frente às tecnologias de informação e comunicação é uma realidade, visto que apenas aqueles que detêm o poder do conhecimento terão acesso ao novo paradigma emergente. Takahashi (2000, p. 6) afirma que na "[...] nova economia não basta dispor de uma infra-estrutura moderna de comunicação; é preciso competência para transformar informação em conhecimento.". Ele prossegue afirmando que a educação funciona como o elemento-chave para a construção de uma Sociedade da Informação e também como condição essencial para que pessoas e organizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar e, assim, a garantir seu espaço de liberdade e autonomia. Desde a época dos tabletes de barro da Babilônia, passando pelo pergaminho na Ásia Menor, pelo papiro no Egito, até chegar aos dias atuais, quer com o suporte papel, quer com o magnético, o homem sempre buscou registrar e preservar a memória humana, inserindo-lhe a responsabilidade de prover acesso às informações codificadas/registradas/ gravadas nesses documentos, contribuindo para a formação de uma sociedade mais humana e dignificadora. | ||
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| O aumento do volume e do fluxo de informações, conjugado com a inabilidade de transformar esse conhecimento em um produto, tem trazido sérios desafios aos seus usuários e produtores. Não basta produzir informação ou conhecimento; divulgar se torna uma das questões-chave quando se quer propagar o que se produziu e dar continuidade ao processo, que deve ser contínuo e constante. novo perfil profissional Com o apoio dos recursos tecnológicos e informacionais, o homem recria seus espaços culturais e societários, amplia o acervo de conhecimentos e de formas de circulação, bem como explora novas possibilidades de apreensão e ressignificação do mundo, transformando a aquisição do conhecimento em um processo dinâmico e complexo. Para Marx (1984), não existe uma "natureza humana" idêntica em todo tempo e lugar. Segundo ele, o existir humano decorre do agir, pois o homem se autoproduz na medida em que transforma a natureza do trabalho. O trabalho, como ação coletiva, depende de relação social para se concretizar. A práxis refere-se à ação humana refletida de transformar a realidade. O processo de trabalho constitui o fundamento último de toda mudança tecnológica. Ao contrário do animal, o intercâmbio existente entre o homem e a natureza ocorre mediante o trabalho, que é a ação consciente e não um ato instintivo-biológico. Pode-se afirmar que o homem é o resultado da evolução biológica da irracionalidade para a racionalidade. Ao longo de aproximadamente mais de quinhentos mil anos, período que compreende o aparecimento do homem e a formação das primeiras sociedades humanas divididas em classes, surge o trabalho e o conhecimento exigido para executá-lo. Nem sempre formal, estruturado e planejado, mas sempre direcionado e intencional, propositando o alcance de uma tarefa específica. Desde as sociedades primitivas, passando pelas artesanais, antigas, escravistas, bárbaras, feudais, e chegando até a sociedade capitalista globalizada mundial, existe a presença da tríade: trabalho, tecnologia e conhecimento (qualificação). Estes três elementos interdependem-se e as relações existentes entre eles e o homem é que constituem as relações de produção. (SOUTO, 2001). O conhecimento, em seus primórdios, era passado praticamente e visava difundir funções ou tarefas; no entanto, era exigido do trabalhador algum tipo de conhecimento prévio e aptidão para executá-las, como até hoje ainda ocorre. As mudanças da noção de conhecimento causam reflexos diretos no mundo do trabalho, onde o número de atividades em que haja a demanda de um processamento cognitivo do trabalhador passa a ser superior à demanda de um processamento muscular. | ||
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| O mercado de trabalho vem exigindo cada vez mais a qualificação do trabalhador, principalmente em relação à sua formação escolar. A educação formal ganha destaque nesse contexto, e a produção do conhecimento, bem como a diversidade de formas de transferi-lo, se tornam questões-chave no desenvolvimento do ensino. A inserção do sujeito contemporâneo na sociedade e no mundo do trabalho demanda a escolarização formal do mesmo. O capitalismo atual, que veio para dominar a vida econômica, educa e seleciona os sujeitos de quem precisa, mediante o processo de sobrevivência econômica do mais apto.". Do trabalhador do capitalismo moderno exige-se muito mais que força física e dedicação, exige-se compromisso, criatividade, iniciativa e qualificação. Os padrões determinantes dessa "qualificação" alteram-se e exigem que o trabalhador não seja somente um trabalhador politécnico, que, de acordo com Machado (1994, p. 20-21): [...] se apóia no uso cientificista da ciência sujeitando o conhecimento à mera instrumentação utilitarista e o trabalhador a processos de adaptação definidos por regras prescritas com anterioridade [...] A construção de um saber polivalente depende de educação básica, mas sem que seja necessária uma grande revolução na escola. O trabalhador de novo tipo deve ter capacidades intelectuais que lhe permitam a adaptação à produção flexível. Dentre essas capacidades, Kuenzer (1999, p. 129) destaca: [...] capacidade de comunicar-se adequadamente, através do domínio dos códigos e linguagens, incorporando, além da língua portuguesa, a língua estrangeira [...]; a autonomia intelectual, [...] buscando aperfeiçoar-se continuamente; a autonomia moral, através da capacidade de enfrentar as novas situações que exigem posicionamento ético; finalmente, a capacidade de comprometer-se com o trabalho, [...] através da responsabilidade, da crítica, da criatividade. Esse novo trabalhador deve ser um sujeito com permanente capacidade de aprendizagem e de adaptação a mudanças, deve saber trabalhar em grupo, de preferência em equipes multidisciplinares, e ter domínio da linguagem das máquinas. Ou seja: deve também ser alfabetizado do ponto de vista digital. As mudanças do perfil do trabalhador criam uma polarização das competências, pois oportunidades de educação científico-tecnológica são oferecidas a um número cada vez menor de trabalhadores, gerando assim uma estratificação ainda maior, pois surge uma nova casta de profissionais qualificados, e aumenta o contingente dos profissionais precariamente educados, conseqüentemente excluídos das disputas no mercado de trabalho. Outra competência bastante necessária no mundo atual é a capacidade de tomar decisões e de mudar, sendo que isso exige do trabalhador contemporâneo a aquisição de habilidades específicas relacionadas com a percepção acurada do contexto, a visão | ||
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| sistêmica, o pensamento crítico, o uso adequado das informações e a postura ética. Esse conjunto de habilidades não vem pronto em um pacote, é necessário que seja aprendido e reaprendido de maneira dinâmica. A habilidade essencial do trabalhador contemporâneo pode ser sintetizada nessa capacidade de estar em permanente processo de busca e desenvolvimento, ou seja, de aprender a aprender. O Profissional da Informação e o Mercado de Trabalho No cenário atual, permeado pela tecnologia que possibilita a autonomia ao usuário, o profissional da informação tem que adotar uma nova postura, pois além de ter um novo e amplo campo de atuação, tem que lidar com a complexidade dos sistemas informacionais e das demandas por parte do público especializado ou não. Além das mudanças de perfil, esse profissional deve adaptar-se aos novos modelos organizacionais e de gestão de trabalho. O termo profissional da informação surgiu nas duas últimas décadas e pode-se apontar como causa desse surgimento o avanço tecnológico, o início da era da informatização da sociedade, as novas tecnologias de informação e a convergência de tecnologias, fatos que geraram a necessidade de aperfeiçoamento de vários tipos de profissionais para o tratamento da informação armazenada nos diversos suportes documentais. Por se tratar de um termo relativamente recente, existe ainda uma diversidade de posições sobre a conceituação e descrição das atividades do profissional da informação. Indicando o profissional que lida nas suas atividades diárias com a informação registrada, a identificação desse profissional gira em torno das seguintes denominações: bibliotecário, cientista da informação, técnicos da informação, administrador da informação, dentre outras. Arruda (2000: 17) descreve as principais características exigidas pelo mercado do trabalhador de novo tipo: Elege-se como ideal o profissional que potencialize a comunicação, a interpretação de dados, a flexibilização, a integração funcional e a geração, absorção e troca de conhecimento. [...] deve ser capaz de operacionalizar seu conhecimento profissional de modo integrado às suas aptidões e vivências socioculturais [...] agindo pró-ativamente [...] como agente do processo de inovação. Além dessa gama de competências, também lhe é exigida a capacidade de desenvolver várias tarefas polivalentemente, tornando-se um trabalhador multifuncional, com responsabilidade sobre o trabalho, atuando em equipes inter, multi ou transdisciplinares dependendo da estratégia organizacional na qual esteja inserido. Cury (2002) afirma que no mundo contemporâneo dominado pela informação, o que deve contar não é o saber _ fazer, mas a informação, ou seja, o saber _ saber; não o | ||
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| saber organizar a informação produzida, mas saber tratá-la. Criar meios de transmissão da informação e não somente estocá-la, torna-se imprescindível para o profissional da informação, bem como para todos os agentes envolvidos em sua produção, tratamento e disseminação. Objetivando perfilar o profissional da informação e as formas com as quais ele lida com as mudanças no mundo do trabalho, a FID (Federação Internacional de Informações e Documentação) realizou uma pesquisa mundial entre esses profissionais e obteve como respostas mais freqüentes à questão das qualificações necessárias à ascensão profissional: a) domínio das tecnologias da informação; b) domínio de mais de um idioma; c) capacidade de comunicação e de relacionamento interpessoal; d) capacidade de gerenciamento, etc. Uma das principais conclusões dessa pesquisa é: não se pode identificar uma unicidade nas qualificações requeridas ao moderno profissional da informação, sendo o leque amplo e bastante heterogêneo. No que se referia às barreiras encontradas para o desenvolvimento profissional, dois padrões de respostas foram identificados; a) referente à qualificação e habilidades a serem desenvolvidas como: treinamento, qualificação, atitudes comportamentais; b) referente a fatores circunstanciais como: gênero, idade, cultura organizacional, etc. Dentre as habilidades prescritas pelo mercado, para o moderno profissional da informação cita-se: a) ser inovador, criativo, líder e saber comunicar-se; b) conhecer e integrar novos recursos para a recuperação da informação; c) gerenciar estoque de informação para uso futuro - Gestão da informação; d) identificar e potencializar os recursos informacionais _ Criação, Análise e Uso, através de 6 processos diferenciados e integrados: identificação, aquisição, organização e armazenamento, desenvolvimento, distribuição, uso da informação; e) fomentar informação comentada e comunicada; f) utilizar tecnologias com foco nas organizações, no valor da rede (sobrevivência da organização) através de bibliotecas virtuais nos ramos de redes e processos; | ||
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| g) utilizar e implementar redes, consórcios, parcerias, terceirização da informação organizacional; Damásio (2002) afirma que detentor dessas habilidades, o profissional da informação deve procurar uma posição dentro do organograma de sua organização, devendo ser essa, coerente com seu perfil, agregando valor não só ao produto gerado, bem como à sua atuação profissional. Se antes a atividade do bibliotecário podia ficar restrita aos limites físicos de uma biblioteca e de uma coleção, agora - ele _ enquanto Profissional da Informação - utiliza-se da tecnologia a em prol da informação, transpondo barreiras físicas e institucionais. À guisa de conclusão sobre o moderno profissional da informação MORMELL (1996), o considera como o mediador entre os provedores de informação, os usuários e as tecnologias de informação, sendo assim lhe é exigido, no desenvolvimento de suas tarefas, algumas atitudes como flexibilidade, adaptabilidade e habilidade para recuperar, organizar e armazenar informação, tanto de fontes impressas como eletrônicas. Enfim, a profissional da informação deve: a) facilitar o uso da informação; b) navegar por sistemas do conhecimento e fontes de informação; c) consultar e assessorar sobre problemas de informação; d) gerir eficientemente os sistemas de informação; e) transformar os dados e o fluxo da informação entre sistemas; f) aliar os aspectos sociais e culturais; g) educar usuários; h) prover recursos para a `alfabetização' informativa; i) apoiar políticas de informação estratégias e de negócios. O novo perfil desse profissional deve, assim, combinar características das áreas de informática, comunicação social, administração, economia, lingüística, biblioteconomia, documentação e ciência da informação, sem, contudo, deixar de se considerar uma formação humanística, pedagógica e social, voltada para uma filosofia educacional mais ampla, flexível, integrada e crítica. As possibilidades do profissional da informação ingressar e se estabelecer em novas fatias de mercado estão cada vez mais condicionadas à sua bagagem profissional, experiências e trabalhos realizados. Isso implica, entre outras coisas, no domínio das teorias, | ||
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| paradigmas e tendências da informação; dos parâmetros contextuais e cognitivos da transferência de informação, com vistas ao processo de produção e uso do conhecimento, o que se constitui em objetos de estudo importantes e necessários a esse profissional. Além desses conhecimentos, ele deve dominar conceitos científicos desenvolvidos em áreas periféricas à Biblioteconomia e Ciência da Informação. O desafio enfrentado pelo profissional da informação, que têm que lidar, não só com a organização e disseminação da informação, bem como com o acesso a sistemas informatizados e novas tecnologias que ocupam cada vez mais espaço nos meios acadêmicos e institucionais. As novas tecnologias alteraram as relações do aprender e conhecer, transformando-se em elemento constituinte das novas formas de ver e organizar o mundo. Ao analisar a informação como subsídio às atividades acadêmicas e em C&T (Ciência e Tecnologia), a Internet vem proporcionar facilidades que extrapolam o conceito tradicional, de informação bibliográfica, baseada em documentos, como artigos de periódico, trabalhos em congressos, teses etc. Novos recursos informacionais estão à disposição da comunidade de pesquisa além desses tradicionais, agora em versão eletrônica, como documentos multimídia, listas de discussão, fóruns eletrônicos, conferências em linha, imagens, modelos animados, bancos de "pre-prints" etc. Estes recursos tanto servem de subsídio à pesquisa quanto de canais de comunicação dos resultados e de garantia de primado e originalidade intelectuais dos mesmos. Entre os impactos de redes como a Internet nas bibliotecas e serviços de informação acadêmicos ou de pesquisa, podem-se citar: número crescente de publicações diretamente em meio eletrônico; enorme facilidade de acesso a documentos eletrônicos disponíveis na rede; grande número de usuários acessando diretamente a informação desejada, sem a intermediação da biblioteca; em contraste, dificuldade de identificar a informação relevante na caótica "teia global" da Internet; surgimento dos chamados "agentes inteligentes" e das "meta-ferramentas de busca", que automatizam muitas das tarefas de busca de informações de forma personalizada para usuários; como conseqüência da questão anterior, ausência de contato direto com os usuários no caso de uma biblioteca sendo acessada via Internet; novas maneiras de realizar o serviço de referência e necessidade de planejamento cuidadoso da interface usuário-biblioteca virtual; diversificação das informações de interesse para pesquisa, extrapolando a tradicional informação bibliográfica; necessidade de novas metodologias ou de extensões das antigas metodologias biblioteconômicas para tratamento destes recursos; decréscimo relativo da importância de políticas de desenvolvimento de coleções e manutenção de acervo próprio, com a conseqüente necessidade de revisar prioridades e realocar recursos. | ||
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| Alerta-se, no entanto, que as tecnologias, podem cada vez mais provocar, sobretudo em países em desenvolvimento composto de grandes desigualdades sociais, as restrições de acesso, gerando uma nova categoria de pessoas: as infoexcluídas. Neste sentido, cresce para as bibliotecas a responsabilidade de garantir acesso público e qualificado aos usuários. Torna-se necessário, finalmente, alertar para a especificidade do papel dos bibliotecários e demais profissionais de informação, diante das barreiras e dificuldades ainda bastante presentes para o uso dos recursos eletrônicos disponíveis na Internet. Tais dificuldades prendem-se ao desconhecimento do uso destes recursos e serviços, a barreiras lingüísticas, legais, políticas, culturais e econômicas, e ainda a problemas relacionados à questão tecnológica. Cabe a estes profissionais identificar, entender, decodificar e atuar criticamente, para selecionar, adquirir, organizar, distribuir e preservar os recursos de informação, também no ambiente eletrônico, garantindo aos usuários o direito a todas as oportunidades decorrentes do caráter interativo da Internet e das tecnologias em geral. conclusão Nenhum profissional da informação ou de qualquer área de atuação tem condição de reunir o conjunto de habilidades, conhecimentos e competências exigidas pelo atual mercado de trabalho, no entanto a busca pela constante requalificação e aprimoramento tem que ser uma constante na vida desse trabalhador, chamado de "Novo Tipo". A variedade de desafios enfrentada pelo profissional na Sociedade da Informação, confunde-se com os desafios enfrentados pelas organizações e sociedades. Todos necessitam e buscam informações atualizadas e precisas na menor fração de tempo, no entanto a globalização mundial, apesar de não ser apenas teórica, em alguns aspectos falha, pois uma grande parcela da população fica excluída do acesso às novas tecnologias e novas formas de acesso à informação e produção do conhecimento. Silva (2002, p. 77) sintetiza essa nova sociedade assim: [...] a sociedade do conhecimento trouxe mudanças significativas ao mundo do trabalho. O conceito de emprego está sendo substituído pelo de trabalho. A atividade produtiva passa a depender de conhecimentos, e o trabalhador deverá ser um sujeito criativo, crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova sociedade. A valorização do profissional reside, nessa sociedade, à qualificação profissional: às competências técnicas que deverão associar-se à capacidade de decisão, adaptação e comunicação, além de do poder de relacionar-se em equipe, com perfil de liderança, inovação e criatividade. | ||
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NOTAS * Mestranda em Tecnologia _ CEFET-MG, Especialista em Planejamento Estratégico e Sistemas de Informação _ PUC-MG, Especialista em Gestão de Instituições Educacionais, Professora da Escola de Biblioteconomia de Formiga _ ESBI-MG, Bibliotecária do CEFET-MG. referências ARAÚJO, Eliany Alavarenga de. Transferência de informação como processo social: uma proposta de paradigma. Informação & Sociedade: estudos. João Pessoa, v. 7, n. 1, p. 117-127, 1997. ARRUDA, Maria da Conceição Calmon; MARTELETO, Regina Maria; SOUZA, Donaldo Bello. Educação, trabalho e o delineamento de novos perfis profissionais: o bibliotecário em questão. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 14-24, set./dez. 2000. BORGES, Maria Alice Guimarães. A compreensão da sociedade da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 25-32, set./dez. 2000. CARVALHO, Isabel Cristina Louzada; KANISKI, Ana Lúcia. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: para que e para quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 33-39, set./dez. 2000. CURY, Maria Catarina. Bibliotecário universitário: representações sociais da profissão. São Paulo: [s.n.], 2002. 13 p. DAMASIO, Edilson. O profissional da informação: habilidades e competências. Maringá: UEMA, 2002. 28 p. KUENZER, Acácia Zeneida. Pedagogia da fábrica: as relações de produção e a educação do trabalhador. 4.ed. São Paulo: Cortez, 1995. 205p. MACHADO, Lucília Regina de Souza. Mudanças tecnológicas e a educação da classe trabalhadora. In: MACHADO, Lucília Regina de Souza et al. Trabalho e educação. 2.ed. Campinas: Papirus, 1994. p.9-23. MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. MORMELL, Irene. El nuevo professional de la información. Ciencias de la Inforamación, Havana, v,27,n.4,p.231-218, dez., 1996. SILVA, Alzira Karla Araújo da. A sociedade da informação e o acesso à educação: uma interface necessária a caminho da cidadania. João Pessoa: UFP, 2002. 12 p. SILVA, Edna Lúcia da; CUNHA, Miriam Vieira da. A formação profissional nosúculo XXI: desafios e dilemas. Ciência da Informação, Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002. SOUTO, Sônia Miranda de Oliveira. O papel da informação, seu profissional e o novo contexto mundial. Educação e Tecnologia, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, p. 92-96, jan./jun. 2000. TAKAHASHI, T. (Org.). Sociedade da Informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. 203 p. TOFFLER, Alvin. Criando uma nova civilização: a política da 3ª onda. Rio de Janeiro: Record, 1995. 142p. WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago. 2000. | ||
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